Pânico! Por que os jovens entram no Estado Islâmico?


O mundo está em alerta de pânico ligado a muito tempo. A luta contra o terrorismo virou uma luta global desde o 11 de setembro onde um ataque bem orquestrado por terrorista da Al-Quaida liderados por Bin Laden deixou mais de 3.000 mortos. Passaram mais de dez anos e novos grupos extremistas chocaram o mundo com sua violência destruidora. Um desses grupos é o Estado Islâmico, um dos mais notórios grupos terroristas que usa a tecnologia pra divulgar seus massacres no mundo todo. Por incrível que pareça muitos jovens ao invés de repudiar esses atos, de alguma maneira se identificam, como o Russo da foto acima que convoca outros muçulmanos russos para entrar no Estado Islâmico.


Por que os jovens entram no Estado Islâmico?



A Europa é a região do mundo com maior índice de desenvolvimento humano. Sempre atraiu milhares de imigrantes de todo o globo. Ultimamente, vem ocorrendo o inverso: jovens Europeus e de outras parte do mundo estão indo para países do Oriente Médio. Mas por que os jovens entram no Estado Islâmico e outros grupos terroristas da Síria, Iraque e outros países do Oriente Médio?


Segundo estimativas, cerca de 90% são homens com menos de 40 anos. Em comum esses jovens reproduzem o discurso de vitimização de muçulmanos pelo mundo, inculcado em sua cabeça por imãs que atuam por toda a Europa. Os clérigos radicais, que antes entravam em contato com os adolescentes dentro das mesquitas, hoje faz a abordagem principalmente pela internet. A linguagem que usam é própria para criar aquilo que sociólogos chamam de “senso de pertencimento” a sensação de que faz parte de uma comunidade maior. Como são jovens, ainda buscam um rumo na vida, eles se confortam facilmente com a ideia de que não estão mais tão sozinhos no mundo. Com seus colegas, aprendem o que deve ser elogiado e recusado, para assim angariar a confiança dos demais. Quando os jovens já se sentem a vontade, os recrutadores os convencem de que é preciso ir à Síria defender os akhi (irmãos) que estão sendo massacrados pelo ditador Bashar Assad.


Para reforçar o convite, os veteranos fazem circular por smartphones e pelo YouTube vídeos editados no estilo de videoclipes e video games em que a matança dos “inimigos do Islã” é glorificada. Eles apelam para a emoção, deixando de lado o convencimento pelos argumentos e pela exposição de fatos. É principalmente no uso das técnicas de video que eles têm levado a melhor. “Enquanto os governos tentam recorrer a razão dos jovens para que não se radicalizem, os jihadistas estão adotando técnicas modernas de produção de conteúdo que, se não são infalíveis, estão claramente se mostrando eficientes”, diz o cientista político alemão Peter Neumann, diretor do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização, na Inglaterra.

Estado islamicos

Ao chegar à Síria, o novo recruta é apresentado a um ambiente em que a violência dá popularidade e ele se sente parte de um grupo vitorioso. Não há uma cobrança para que os novatos acatem todos os ritos ditados pela ideologia religiosa. Eles não são muito cobrados para que aprofundem o conhecimento sobre o Corão ou que sigam a risca a sharia, a lei islâmica. Isso fica para depois. Muito dos hábitos do modo de vida Ocidental, como assistir a filmes americanos ou usar roupas de marca são permitidos. A pornografia é liberada, a julgar pelo fato de que uma das diversas fontes de receita do Estado Islâmico é o tráfico de material impróprio. A motivação para ir a luta então vem principalmente da ideia de que seu grupo tem levado a melhor na guerra que os outros. Eles se sentem seguros no território que conquistaram e acreditam que toda invasão ou morte de um ahki é sempre respondida à altura, como a decapitação de jornalistas, soldados, voluntários de organizações de direito humanos ou qualquer outro representante da “turma” rival. A filosofia de fundo não religiosa, mas tribal, muito parecida com a praticada por gangues nas periferias das grandes cidades do mundo. Toda vez que matarem um dos meus, um dos outros será sacrificado.


Ao adotarem o caminho do extremismo, eles extravasam o desejo natural da idade, de ir contra o status, de lutar contra o “sistema”. Isso sempre existiu na Europa. Nos anos 1970, a Alemanha e a Itália tiveram que lidar com grupos de esquerda terroristas muito semelhantes com o que estamos vendo agora: jovens educados que acreditam em uma revolução utópica, movidos por uma ideologia que endossa a violência. Tanto antes como agora, a opção de se arrepender e abandonar esse grupos não existe. Quem tenta pode ser morto pelos companheiros ahki. Os extremistas estão se tornado, vítimas, do seu próprio extremismo.


Texto escrito por Felipe Carneiro, revista Veja. Data: 14 de janeiro de 2015





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