“Se eles usam apps para nos humilhar, nós revidamos usando apps para nos empoderar e organizar!”, é o mote do grupo. “O nosso aplicativo irá falar sobre violência virtual sofrida por mulheres, em especial o vazamento de fotos íntimas, tema urgente a ser tratado. Por isso, pensamos em fazer esse aplicativo, para dar apoio a essas mulheres, levar conhecimento e nos unir”, dizem as meninas - Camila Ziron, Estela Machado, Hadassa Mussi, Larissa Rodrigues e Letícia Santos, todas no Ensino Médio.
“O principal problema disso tudo é o slut shaming que as meninas sofrem, seguido por completa exclusão social, então pensamos em solucionar este problema que leva muitas a se mudarem de cidade, terem depressão, suas vidas despedaçadas, e muitas vezes infelizmente culminam em suicídio. Sonhamos com o dia em que a sociedade brasileira vá parar de culpabilizar as mulheres, que são vítimas do machismo e da cultura do estupro, e comecem a punir os meninos ‘vazadores’ das fotos que são criminosos e mantém girando a roda de violência contra a mulher”, disse ao Brasil Post a mentora do projeto, Juliana Monteiro.
Juliana trabalha em uma plataforma para facilitar a mobilização feminista autônoma, com a diretora nacional do Technovation Challenge Brasil, Camila Achutti, que a convidou para ser mentora voluntária no projeto. “Acredito que as mulheres precisam se apossar da área tecnológica porque eu vejo que este é um espaço que facilita as revoluções culturais atuais, e se a gente não aproveitar essa onda vai acontecer o que vêm acontecendo ao longo dos séculos: seremos colocadas de lado na história. A divisão sexual do trabalho é um problema seríssimo, atual, e precisamos mudar essa situação em vários segmentos, e pessoalmente quero muito influenciar outras meninas a tomarem as rédeas e se empoderarem, já passou da hora disso acontecer, na verdade”, diz Juliana.
Em um vídeo, as meninas explicam que querem distribuir informação sobre abuso online para que as vítimas possam aprender a se proteger legalmente e se empoderar através de informação. Como o isolamento é um dos efeitos do revenge porn, o app prevê também uma sala de bate-papo onde as meninas possam falar sobre o assunto. “As meninas poderão usar o aplicativo para dividir suas histórias, anonimamente ou não, porque ouvir histórias das outras ajuda a saber que você não é a única vítima. As meninas deverão preencher um formulário com nome e idade dos agressores para que isso vire uma denúncia no futuro. Também serve como ferramenta de emergência para meninas que estejam sofrendo bullying e precisam conversar com alguém”, propõem elas no vídeo.
Elas contaram ao Brasil Post que a iniciativa veio da necessidade de solucionar um problema na escola que, de certa forma, atinge a todas elas. “O compartilhamento de fotos íntimas rola muito aqui em Santos, e temos casos de meninas próximas de nós que passaram por isso. Estava na hora de dizer basta. Por que se usam apps para nos expor e humilhar porque não criar um app para nos empoderar?”, disseram. Depois que elas começaram a trabalhar no projeto, receberam críticas negativas e sofreram cyberbullying por tentar combater, justamente, o cyberbullyng. Felizmente, elas conheceram algumas vítimas na escola que as ajudaram a seguir em frente.
“Nas últimas 12 semanas, vi estas meninas se transformarem em mulheres. E vi estas mulheres se transformarem em feministas. E vi estas feministas mudarem o rumo das vidas delas, da escola delas e das vítimas que conhecerem nesse curto período. O empoderamento feminino é algo muito mágico mesmo, agora é só torcer para que a magia se multiplique para que elas consigam financiar o app”, torce Juliana. E nós torcemos por elas! Conheça mais sobre o projeto aqui.
Brasil Post